A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos foi um espetáculo à parte e simultaneamente discreto, demonstrando respeito e solidariedade aos que perderam entes queridos na pandemia, momento difícil e ao mesmo tempo de um novo sentido à vida, como propõe a psicoterapia para enlutados.
Nas Olimpíadas os sonhos se renovam e vão muito além das medalhas. Um evento dessa magnitude, reúne os melhores do mundo, em diferentes modalidades e conecta quase todas as nações. Cada atleta busca dentro de si um lugar na história, mudança de vida para sua família e até para o seu país, o que aumenta a pressão em cima desses jovens.
A exposição das fragilidades dos atletas nessa competição, foi fundamental para as pessoas identificarem e respeitarem seus próprios limites, e entenderem que a mente também tem suas vulnerabilidades. Expor a luta interior desses atletas, acima de tudo humaniza, e requer coragem, uma vez que já pisam na arena dos campeões.
A Psicologia do Esporte lida com esses fatores psíquicos que interferem nas ações do exercício físico. Corpo e mente se movimentam juntos e Tokyo 2020 evidenciou isso:
4 vezes ouro nas Olimpíadas do Rio em 2016. A ginasta mais vitoriosa na história dos EUA, se retirou da competição para se concentrar em sua saúde mental. Saiba mais.
Outra atleta de alta performance (a que acendeu a pira olímpica), maior esportista do Japão e atual Nº 2 do mundo, foi eliminada pela tenista tcheca, 42ª no ranking mundial. Saiba mais
Capa da revista TIME na edição de Julho de 2021, com a manchete “IT’S O.K. TO NOT BE O.K.”, Naomi emite um alerta por mais empatia e respeito à privacidade e saúde mental dos atletas, trazendo um olhar mais amplo e humano sobre eles. Conheça mais sobre Naomi na série documental “Naomi Osaka: Estrela do Tênis”, lançada em 2021.
No contraponto desse ambiente hostil, temos uma skatista de 13 anos, atleta mais jovem da história do Brasil, prata nessas Olimpíadas, a nossa Fadinha: "É só fazer o que ama e se divertir".
Rayssa e outras meninas da sua modalidade, deixaram sua marca da leveza e solidariedade, comemorando as manobras com suas concorrentes, sem aquela pressão tóxica. Saiba mais.
Rayssa teve mais duas forças favoráveis: a companhia materna, cuidado específico considerando a idade, e a torcida dos atletas na arquibancada, boa parte brasileiros.
"Preciso me concentrar no meu bem-estar, há vida além da ginástica. Infelizmente aconteceu nesse palco. Esses Jogos Olímpicos têm sido muito estressantes... Uma longa semana, um longo ciclo olímpico e um longo ano”. Simone Biles
Os jogos sem torcida, impactam no senso de pertencimento e no estímulo ao esportista.
Torna-se fundamental o papel dos treinadores no engajamento dos atletas para o resultado e conexão com seus desafios. Não menos relevante: no acolhimento e atenção aos sinais.
O esporte olímpico é fantástico em proporcionar exemplos inspiradores e de superação.
Que continue sendo capaz de produzir mais exemplos de humanidade e que tenhamos a capacidade de manter essa chama acesa, em busca de despertar o melhor de nós.
É com esse espírito que passamos à você Psicóloga(o), a tocha olímpica da inovação e para fechar esta matéria com medalha de ouro que nós da FuturosX, decidimos fazer uma entrevista com o nosso Prof. Dr. Daniel Mello, olha só:
R: Atletas se beneficiam demais de treinamento mental com recursos tecnológicos. O biofeedback como ferramenta de monitoramento, reconhecimento e otimização da ansiedade, estresse, raiva e atenção e a realidade virtual para treinamentos das funções cognitivas ligadas à modalidade esportiva do atleta, além da dessensibilização, redução da ansiedade dele, simulando o ambiente de competição com e sem torcida.
R: Há softwares, ambientes e pesquisas para auxiliar em protocolos de tratamento de diversos transtornos de ansiedade, estresse, compulsões, transtornos alimentares, estresse pós-traumático, reabilitação cognitiva, fobias, entre outros.
R: Hoje trabalho com realidade virtual para o treinamento cognitivo, dessensibilização de fobias, relaxamento e mindfulness; biofeedback e neurofeedback para, principalmente, complementar protocolos de transtorno de ansiedade, humor e TDAH; além de aplicativos e recursos de monitoramento de pensamentos, emoções, etc.
R: O psicólogo deve buscar conhecimento sobre os recursos. É importante compreender a finalidade, e como os protocolos propõe a utilização das tecnologias. Esse conhecimento ainda não está amplamente divulgado no Brasil, mas pode ser encontrado tanto em cursos de biofeedback quanto em cursos de realidade virtual na Psicologia.
R: Acredito que a Psicologia se tornará mais integrada com a tecnologia, de uma forma seamless, sem bordas ou barreiras, em um encontro natural. Hoje não é estranho um paciente achar o psicólogo no Google ou Instagram, mandar uma mensagem no WhatsApp para realizar uma sessão por Skype. No futuro os psicólogos estarão mais a par das tecnologias disponíveis e as utilizarão como parte natural dos protocolos de atendimentos, seja um biofeedback, BCI, inteligência artificial e realidade mista.